INDICAÇÕES DA URETROSTOMIA PERINEAL EM FELINOS COM OBSTRUÇÃO URETRAL RECORRENTE: UMA REVISÃO DE LITERATURA

  • Autor
  • Igor Magalhães Machado
  • Co-autores
  • Emanueli Maria Freitas Rodrigues , Alan William Campos de Sousa Filho , Maria Eduarda Galdino Lima , Francisco Lucas de Costa Moura , Flávia Sousa de Mesquita , Guilherme Silva Ribeiro , Aline Vitória Freire , Isadora Le Campion , Hélio Noberto de Araújo Júnior
  • Resumo
  • A obstrução uretral constitui uma emergência clínica recorrente na espécie felina, acometendo com maior frequência os machos em virtude das particularidades anatômicas da uretra, que apresenta um lúmen progressivamente estreito na porção distal. Essa condição promove retenção urinária, distensão vesical, lesões na mucosa uretral, azotemia pós-renal e distúrbios hidroeletrolíticos significativos, como a hipercalemia, os quais, se não prontamente manejados, podem evoluir para óbito. As principais etiologias incluem cistite idiopática felina, tampões uretrais, urolitíase, e, menos frequentemente, estenoses e neoplasias. Fatores predisponentes como obesidade, estresse ambiental e dietas ricas em minerais também contribuem para o desenvolvimento da afecção. Nos casos de recorrência da obstrução uretral ou falha terapêutica ao tratamento clínico convencional, a uretrostomia perineal é indicada como uma abordagem cirúrgica definitiva. Diante da relevância do tema, este trabalho objetiva revisar a literatura atual acerca da uretrostomia perineal em felinos com obstrução uretral recorrente, enfocando critérios de indicação, considerações anatômicas e aspectos prognósticos. A metodologia adotada envolveu a busca por artigos publicados nos últimos dez anos nas bases Google Acadêmico e ScienceDirect, utilizando os descritores: “Obstrução uretral em gatos” e “Uretrostomia em gatos”. Foram selecionados 10 estudos relevantes após triagem e análise crítica. A uretrostomia perineal consiste na remoção da porção peniana da uretra e na confecção de um novo meato uretral permanente por meio da anastomose da uretra pélvica à pele da região perineal. Essa técnica é preconizada em obstruções persistentes, estenoses intratáveis, traumatismos uretrais e em casos de neoplasias. Embora eficaz na resolução do quadro obstrutivo imediato, trata-se de uma medida paliativa, que não elimina completamente o risco de recorrência. Fatores como dieta seca exclusiva, baixa ingestão hídrica, ambiente estressante, sedentarismo e obesidade permanecem como agravantes mesmo após a intervenção cirúrgica. A decisão pela uretrostomia deve basear-se prioritariamente na avaliação funcional e anatômica da uretra, mais do que na simples contagem de episódios obstrutivos prévios. Técnicas adjuvantes, como a secção dos músculos isquiocavernoso e isquiouretral, bem como a preservação do nervo pudendo, têm demonstrado eficácia na prevenção de complicações pós-operatórias, como estenoses do novo meato. O monitoramento pós-operatório intensivo, com atenção especial ao equilíbrio hidroeletrolítico e monitorização cardíaca, é imprescindível para a prevenção de intercorrências, como arritmias. Conclui-se que a uretrostomia perineal é uma alternativa cirúrgica segura e eficaz para o manejo de obstruções uretrais recorrentes em gatos machos, sendo o sucesso do procedimento dependente da adequada indicação, da técnica cirúrgica empregada e dos cuidados pós-operatórios, visando à redução de recidivas e à melhora na qualidade de vida dos pacientes.

  • Palavras-chave
  • Cirurgia veterinária, Cistite idiopática felina, Distúrbios urinários, DTUIF.
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